Por uma Universidade Popular
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Por uma Universidade Popular
vVamos usar esse espaço para discutir a "construção" de uma Universidade que atenda as demandas do Povo.
Sugiro o texto de Maurício Tragtenberg que está disponível no:
http://www.espacoacademico.com.br/014/14mtrag1990.htm
Abraços e boa leitura.
Sugiro o texto de Maurício Tragtenberg que está disponível no:
http://www.espacoacademico.com.br/014/14mtrag1990.htm
Abraços e boa leitura.
Lucas- Número de Mensagens : 6
Data de inscrição : 08/12/2007
Re: Por uma Universidade Popular
Puxa, ninguém respondeu o tópico... Pra não deixar ele morrer, vou postar o que eu acho disso e ver se sai alguma discussão.
Acho que o problema mais grave da universidade é que o povo simplismente não tem acesso à ela. São poucas as pessoas que podem cursar um ensino superior. Basicamente, é aquele velho problema: universidades particulares são caras demais. Aqueles que podem pagar por elas, acabam ocupando vagas de universidades públicas justamente por se sobressaírem no vestibular devido à um melhor preparo para a prova recebido em escolas particulares.
O que podemos fazer quanto à este problema é lutarmos por uma educação de base de qualidade. Se as escolar públicas tivessem mais qualidade, a competição por uma vaga nas universidades seria mais justa. Infelizmente, a qualidade da educação de base no Brasil só vem caindo. Em algumas coisas, como a taxa de alfabetização, estamos melhorando. Em todo o resto, estamos estagnados ou piorando.
Simplismente aumentar o número de vagas (o que é uma coisa boa, mas não como está sendo feito via REUNI) ou criar cotas não resolve o problema. Existem alguns alunos felizardos que estudam em algumas das poucas escolas públicas de qualidade (como foi o meu caso) e estes acabam sendo os maiores beneficiados com as cotas (embora eu não seja cotista). A exclusão continua.
Outro problema que dificulta a entrada das pessoas na universidade é o fato de que ter um diploma universitário é uma exigência para o mercado. Qualquer emprego besta hoje em dia está exigindo diploma. Se qualquer pessoa quizer viver com dignidade, é praticamente uma obrigação que se tenha ensino superior. Não deveria ser assim. Cursos técnicos ou o ensino médio, se tivessem qualidade, já bastariam para formar profissionais qualificados para muitos empregos que exigem diploma. A universidade deveria ser uma opção daqueles que desejassem se aprofundar em alguma área para trabalharem em empregos ou ocupações que requirissem profissionais altamente qualificados. Ela não deveria ser uma obrigação, uma exigência para se viver com um mínimo de conforto. De jeito que está, a universidade é uma imposição para muitas pessoas que prefeririam nem estar estudando mais. Conheço muita gente que detesta o curso que está fazendo.
Além disso, a proliferação de cursos de baixa qualidade acaba desvalorizando ainda mais as universidades. Não só cursos de baixa qualidade, mas cursos de utilidade duvidosa. Soube hoje que a UFRJ está recebendo um campus novo e oferecerá novos cursos. Entre eles, um curso de gastronomia. Nada contra a gastronomia, mas acho um absurdo que uma universidade pública gaste recursos fornecendo este curso. Esta área se encaixa melhor em um curso técnico ou especializante. Esta área me parece específica demais para merecer um curso de graduação.
Uma universidade não pode atender às demandas do povo sem desenvolver ensino, pesquisa e extensão de qualidade. Este tripé é o que diferencia a universidade de um colégio. Infelizmente, o tripé está cada vez mais desequilibrado. A culpa disso é: baixo interesse dos alunos por projetos de pesquisa e extenção, desinteresse de alguns departamentos em incentivar projetos desta natureza, pouco incentivo financeiro em educação (esse é um dos principais problemas), proliferação de cursos e universidades de qualidade duvidosa, proliferação de cursos estilo "Graduação em Corte e Costura" e implementação de políticas desastrosas na educação (REUNI, ciclo básico...).
Por fim, existe também um problema nos próprios cursos universitários. Muitos deles estão excessivamente focados no mercado de trabalho (já que uma boa parte dos alunos entra na universidade porque se vêem obrigados a fazer isso para conseguir um emprego decente) e acabam deixando de passar conteúdos que seriam pertinentes para a área em que atuam, mas que não beneficiam diretamente as empresas. Eu acho inadmissível, por exemplo que tenhamos cursos científicos onde os alunos não aprendem nada sobre epistemologia e nada sobre filosofia da ciência. Formamos cientistas que não sabem o que é ciência. Muitos cursos acabam descaracterizados. Tem muitos cursos que existem no Brasil de Ciência da Computação onde você praticamente não vê ciência da computação. O curso é indistingüível de uma Tecnologia em Informática. Esta é a crítica que tenho à minha área. Não me atrevo à criticar o curso e a área dos outros, mas tenho certeza que haverão muitas críticas à problemas semelhantes.
Um pouco disso é abordado no texto do Lucas, que embora seja de 1978, continua atual em muitas críticas (mas não em todas). Concordo que para mudar o quadro atual, é preciso ação, e não apenas teoria. É preciso estimular debates e o espírito crítico nas pessoas.
Acho que o problema mais grave da universidade é que o povo simplismente não tem acesso à ela. São poucas as pessoas que podem cursar um ensino superior. Basicamente, é aquele velho problema: universidades particulares são caras demais. Aqueles que podem pagar por elas, acabam ocupando vagas de universidades públicas justamente por se sobressaírem no vestibular devido à um melhor preparo para a prova recebido em escolas particulares.
O que podemos fazer quanto à este problema é lutarmos por uma educação de base de qualidade. Se as escolar públicas tivessem mais qualidade, a competição por uma vaga nas universidades seria mais justa. Infelizmente, a qualidade da educação de base no Brasil só vem caindo. Em algumas coisas, como a taxa de alfabetização, estamos melhorando. Em todo o resto, estamos estagnados ou piorando.
Simplismente aumentar o número de vagas (o que é uma coisa boa, mas não como está sendo feito via REUNI) ou criar cotas não resolve o problema. Existem alguns alunos felizardos que estudam em algumas das poucas escolas públicas de qualidade (como foi o meu caso) e estes acabam sendo os maiores beneficiados com as cotas (embora eu não seja cotista). A exclusão continua.
Outro problema que dificulta a entrada das pessoas na universidade é o fato de que ter um diploma universitário é uma exigência para o mercado. Qualquer emprego besta hoje em dia está exigindo diploma. Se qualquer pessoa quizer viver com dignidade, é praticamente uma obrigação que se tenha ensino superior. Não deveria ser assim. Cursos técnicos ou o ensino médio, se tivessem qualidade, já bastariam para formar profissionais qualificados para muitos empregos que exigem diploma. A universidade deveria ser uma opção daqueles que desejassem se aprofundar em alguma área para trabalharem em empregos ou ocupações que requirissem profissionais altamente qualificados. Ela não deveria ser uma obrigação, uma exigência para se viver com um mínimo de conforto. De jeito que está, a universidade é uma imposição para muitas pessoas que prefeririam nem estar estudando mais. Conheço muita gente que detesta o curso que está fazendo.
Além disso, a proliferação de cursos de baixa qualidade acaba desvalorizando ainda mais as universidades. Não só cursos de baixa qualidade, mas cursos de utilidade duvidosa. Soube hoje que a UFRJ está recebendo um campus novo e oferecerá novos cursos. Entre eles, um curso de gastronomia. Nada contra a gastronomia, mas acho um absurdo que uma universidade pública gaste recursos fornecendo este curso. Esta área se encaixa melhor em um curso técnico ou especializante. Esta área me parece específica demais para merecer um curso de graduação.
Uma universidade não pode atender às demandas do povo sem desenvolver ensino, pesquisa e extensão de qualidade. Este tripé é o que diferencia a universidade de um colégio. Infelizmente, o tripé está cada vez mais desequilibrado. A culpa disso é: baixo interesse dos alunos por projetos de pesquisa e extenção, desinteresse de alguns departamentos em incentivar projetos desta natureza, pouco incentivo financeiro em educação (esse é um dos principais problemas), proliferação de cursos e universidades de qualidade duvidosa, proliferação de cursos estilo "Graduação em Corte e Costura" e implementação de políticas desastrosas na educação (REUNI, ciclo básico...).
Por fim, existe também um problema nos próprios cursos universitários. Muitos deles estão excessivamente focados no mercado de trabalho (já que uma boa parte dos alunos entra na universidade porque se vêem obrigados a fazer isso para conseguir um emprego decente) e acabam deixando de passar conteúdos que seriam pertinentes para a área em que atuam, mas que não beneficiam diretamente as empresas. Eu acho inadmissível, por exemplo que tenhamos cursos científicos onde os alunos não aprendem nada sobre epistemologia e nada sobre filosofia da ciência. Formamos cientistas que não sabem o que é ciência. Muitos cursos acabam descaracterizados. Tem muitos cursos que existem no Brasil de Ciência da Computação onde você praticamente não vê ciência da computação. O curso é indistingüível de uma Tecnologia em Informática. Esta é a crítica que tenho à minha área. Não me atrevo à criticar o curso e a área dos outros, mas tenho certeza que haverão muitas críticas à problemas semelhantes.
Um pouco disso é abordado no texto do Lucas, que embora seja de 1978, continua atual em muitas críticas (mas não em todas). Concordo que para mudar o quadro atual, é preciso ação, e não apenas teoria. É preciso estimular debates e o espírito crítico nas pessoas.
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